A obra que apresentamos – MAGNIFICATIO ALGERVENSIS – é, justamente, inspirada no Geoparque Algarvensis, através das suas múltiplas facetas: aspetos geológicos únicos, mas também paisagísticos, e de fauna e flora.
Consiste numa performance transdisciplinar em que a música instrumental e os visuais generativos comunicam através da mediação de tecnologias digitais. Na vertente sónica, uma componente computacional vai adicionando características às potencialidades eletroacústicas tradicionais, assim como, assumindo uma parte importante no diálogo musical por intermédio do uso de algoritmos de Interactive Machine Learning, tornando possível que a resposta musical da componente computacional evolua em tempo real.
Na vertente visual, existe um sistema generativo controlado em tempo real, como se de um instrumento se tratasse, e em que as texturas – cuja base advém de levantamento fotográfico no Geoparque Algarvensis, e posterior manipulação digital – se vão transformando, acompanhando a performance musical. Assim, a convergência destes três vetores – performance musical, aumento digital e arte generativa responsiva – é usada para conduzir o público a uma magnífica jornada sensorial.
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COLETIVO ALGARVE – ART LAB
O Coletivo Algarve – Art Lab é uma estrutura colaborativa formada por artistas de diferentes origens e percursos, embora todos com uma forte ligação ao Algarve, quer por via da sua naturalidade, quer por afetos, ou percurso de vida. Nasceu da sua vontade de abrir caminhos comuns entre música, artes visuais e tecnologias emergentes, transformando a tradição e a terra em matéria de futuro. O Art Lab é, por isso, um espaço vivo de encontro, invenção e experimentação, onde linguagens distintas se entrelaçam para dar corpo a novas formas de criação.
Na sua essência, o coletivo é movido pela paixão pela média-arte digital e pelo impulso de explorar o desconhecido. Aumentar digitalmente instrumentos musicais ditos tradicionais é apenas um dos gestos que simbolizam este cruzamento: a respiração de um clarinete, o impacto de uma marimba ou a vibração de uma percussão expandem-se em universos de som e luz, amplificados por sistemas digitais audiovisuais criados pelos próprios artistas. A performance deixa de ser apenas execução e torna-se experiência imersiva, onde o gesto sonoro encontra a imagem, e onde a tecnologia não é ferramenta, mas corpo vivo que responde e se transforma.
A singularidade do Art Lab resulta da soma de sensibilidades complementares: o rigor técnico de quem habita o mundo da programação, inteligência artificial, bases de dados ou machine learning; a visão estética de quem cruza design, multimédia, assemblage ou arte generativa; a profundidade musical de intérpretes formados na tradição clássica, mas que abraçam com igual intensidade a improvisação, a experimentação sonora e a colaboração transdisciplinar.
Esta mistura fértil cria um território aumentado, onde a prática artística é simultaneamente investigação, performance e manifesto poético-tecnológico. Assim, cada apresentação do coletivo é um espetáculo único e irrepetível: é um ecossistema em mutação, um campo de forças em que música, imagem e código se entrelaçam em tempo real.
O Coletivo Algarve – Art Lab afirma-se, deste modo, como uma plataforma aberta de criação, investigação e partilha, onde tradição e inovação dialogam, e onde a arte se projeta como experiência transformadora, radicalmente contemporânea.
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MEMBROS
RUI TRAVASSO
Rui Travasso é Doutorado em Média-Arte Digital (UAb/UAlg) e Professor Adjunto Convidado no Instituto Politécnico de Beja. A sua investigação cruza artes performativas, comunicação multimédia e tecnologia interativa, com foco na expansão instrumental e ecologias de performance mediadas por algoritmos, e ainda a pedagogia relacionada com a área do Audiovisual e Produção dos Média. Participou em projetos financiados pela DGArtes e Fundação GDA, integrando produção artística, e investigação aplicada. A sua prática artística inclui uma década enquanto chefe de naipe de clarinete na Orquestra do Algarve, performances interativas, sistemas audiovisuais, experimentação sonora com ênfase na inclusão e na mediação cultural, e conta com mais de uma centena de faixas publicadas.
VASCO RAMALHO
Natural de Reguengos de Monsaraz, Vasco Ramalho é Mestre em Percussão/Interpretação (2024) e Licenciado em Percussão/Ensino (2005) pela Universidade de Évora na classe do prof. Doutor Eduardo Lopes. Efetuou uma pósgraduação em marimba solista no Royal Conservatory Antwerp – Bélgica na classe do Dr. Ludwig Albert (2008). Desde 2012 fez a direção artística de 21 Festivais Internacionais de Percussão em Portimão, Évora, Reguengos de Monsaraz e Alcácer do Sal. Em Julho de 2017 gravou o seu primeiro CD, Vasco Ramalho – Essências de Marimba, Fados & Choros. Como professor, leciona no Conservatório de Música de Loulé e é professor assistente convidado na Universidade de Évora. Desde 2013 é artista Adams, uma das principais marcas de instrumentos de percussão no mundo. Frequentou o doutoramento em Média-Arte Digital na Universidade do Algarve e Universidade Aberta e é doutorando em Música e Musicologia na Universidade de Évora. No ano de 2023 foi agraciado com a medalha de mérito cultural do município de Reguengos de Monsaraz.
PEDRO ALVES DA VEIGA
Pedro Alves da Veiga é um artista e investigador doutorado em Média-Arte Digital pela Universidade do Algarve e Universidade Aberta. É Professor Auxiliar na Universidade Aberta, onde é Subdiretor do Doutoramento em MédiaArte Digital. Foi empreendedor durante mais de duas décadas, e desenvolveu trabalhos premiados de webdesign e multimédia. É membro integrado do Centro de Investigação em Artes e Comunicação, e colaborador do ID+ Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura. Gravou dois discos para a editora Polygram e um dos temas de sua autoria faz parte da banda sonora do filme “Variações”. Tem exposto as suas obras de arte generativa, individual e coletivamente, em Portugal, Brasil, Espanha, França, Itália, Holanda, Roménia, Rússia, China, Coreia do Sul, Tailândia e EUA.
RUI D’OREY
Rui Sousa d’Orey é doutorando e investigador em MédiaArte Digital nas Universidades do Algarve e Aberta, afiliado ao CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação, e trabalha como engenheiro de software 3D. Licenciado em Ciência da Computação pela Universidade do Porto (2013), iniciou-se como investigador no Porto Interactive Center, especializando-se em computação gráfica e interação humano-computador. Participou em projetos como Virtual Embodiment and Robotic Re-Embodiment (FCT) e Move4Health (PT Inovação), desenvolvendo soluções em motion capture, realidade virtual, aplicações 3D interativas, inteligência artificial, processamento de dados e sistemas backend. Trabalhou diretamente com empresas, como freelancer e através de uma agência que fundou. No contexto do doutoramento em média arte-digital participou em vários projetos de média arte digital em colaboração com outros colegas e procura trabalhar nos cruzamentos entre tecnologia, artes e humanidades com perspetivas mais-que-humanas.